sábado, 27 de agosto de 2011

14 de Agosto - 2º dia - Caminos de Santiago - Caminho Central Português

O dia começou cedo pois queríamos passar a Serra da Labruja antes que o calor se fizesse sentir. Às 6h foi dado o toque de alvorada.
Embora as instalações dos Albergues estejam ao dispor do peregrino, as mercearias são da responsabilidade de cada um. Para poupar tempo hoje na pesquisa de alguma pastelaria para comer, ontem à noite já andámos às compras. Assim, depois de acordar e ir buscar a roupa que tínhamos lavado (para dizer a verdade, foi mais passar por água) e posto a secar, tomámos o pequeno-almoço e às 7h já estávamos prontos a pedalar.
Ainda no estacionamento, dá para ver a solução portuguesa que o Paulo Neves arranjou para os alforges. Até ao fim da viagem não deram problemas quanto a tocar nos raios. Só prova que o Bom Português nunca se atrapalha e arranja sempre solução!
O Albergue de Ponte de Lima, sendo recente, tem umas instalações excelentes. O nosso conselho para quem faz o Camino é precisamente ficar nos albergues que existem (embora sejam em maior número em Espanha) pois faz parte da experiência…ficamos impressionados ao vermos os peregrinos que vêm a pé. Se para nós não é fácil, imaginamos para estes peregrinos…
Deixámos o Albergue de Ponte de Lima e arrancámos. No inicio, o Camino era de calçada mas pouco depois voltou à terra batida:
A passar numa ponte, que aparentemente já teria saído do sítio original, porque dava ideia que o terreno cedeu e a ponte caiu um bom pedaço. Este ano já melhoraram a segurança soldando umas barras ao longo da ponte.
Pouco depois era altura de trepar uma valente inclinação, onde estavam a descansar alguns peregrinos que iam a pé. Ainda não tínhamos recuperado o fôlego e aparecia mais uma subida, desta vez em calçada.
Mas valia a pena, pois existia uma pequena fonte no cimo…e quando digo pequena, era pequena mesmo…tanto no tamanho como na quantidade de água que nos proporcionava…só para encher os bidons demorámos imenso tempo.
Ainda bem que existia esta fonte pois agora era hora de subir a serra…ao contrário do que estávamos à espera, o calor não prejudicou a subida.
Já no início da famosa subida à Labruja:
Mais umas “ligeiras” subidas que tivemos de superar…embora nas fotos não dê para ter a verdadeira noção que quão inclinadas são...
a maior parte de nóes ia a puxar por mochilas e alforges mas o Paulo Neves fez tudo em cima da bike…os pneus parecia terem cola, porque mesmo onde não havia um caminho definido para subir (pois só se viam pedras…perdão…calhaus), só parava para colocar o pé no chão e voltar a pedalar.
Mas nesta toda a gente a fez a pé…pudera…com esta inclinação ainda fazíamos um mortal encarpado à retaguarda.
Chegados à 1ª Cruz. É costume pegar numa pedra (do tamanho dos nossos pecados) ao iniciar a subida e colocá-la na cruz, o mais alto possível e sem prejudicar as pedras colocadas pelos outros peregrinos.
Depois de descansar um pouco, aí estava a 2ª parte:
Já com o cume conquistado!
O calor que estávamos à espera não apareceu…em vez dele, veio o nevoeiro e uma aragem fria.
Pedais ao caminho!
Mais umas pequenas subidas, estas já suaves e estávamos na 2ª Cruz:
Como já não havia mais nada para trepar, e como diz o povão: “tudo o que sobe tem de descer”, assim fizemos. Chegámos a um ponto onde os alforges do Paulo Neves estavam a acusar a subida no meio das pedras…aproveitámos a paragem para resolver este pequeno problema para petiscar qualquer coisa.
Ao perguntar no café, soubemos que estávamos pertíssimo de Paredes de Coura. É engraçado, porque ao fazer o Camino não fazemos ideia de que localidades estamos perto. Por pouco não fazíamos uma paragem para assistir ao Festival!
Guia de marcha! E mais umas paragens para respirar o ar puro e apreciar a Natureza.
Numa subida um bocado difícil pois havia muito cascalho e a aderência era pouca
“Ena pá! Já estamos em Valença?”
Que altura perfeita para recordar o momento de sair do nosso país e entrar no país de Nuestros Hermanos. E a maneira para atravessar o rio Minho é através da Ponte Medieval que agora está a celebrar o seu 125º aniversário. Não podíamos deixar de tirar umas fotografias para celebrar a passagem para a outra margem…
Ora cá está a altura para tirar a foto depois de passar na fronteira:
Assim que entrámos em Espanha, o Camino levou-nos para a beira-rio. Estava a decorrer um campeonato de canoagem. Muito embora Valença seja bastante bonita, com bastantes jardins bem tratados, relativamente ao rio não podemos deixar de reparar que do outro lado da fronteira rentabilizam muito mais a sua beleza natural…
Mas voltando ao que interessa…aproveitámos a prova de canoagem e o bar para re-atestar os bidons de água e carimbar a nossa Credencial.
A nossa primeira indicação num marco…estávamos habituados a setas amarelas pintadas. Já começamos a sentir que Santiago está pouco a pouco mais perto porque agora temos a indicação da quantidade de km que faltam.
Depois de seguir o Camino por algumas ruas e ruelas, chegamos a Tui. Altura ideal para carimbar novamente a Credencial. E tempo para fotografias artísticas! Fotografias artísticas e fotógrafos artistas!
Em Tui pudemos apreciar umas descidas de degraus…facílimo para o Paulo Neves mas mais difícil para os restantes…
Mais umas subidas e descidas…bem…pareciam mais subidas que descidas…chegou a hora que tanto aguardávamos…o Almoço!
Fomos muito bem recebidos e tratados no “Bar o Novo Cazador”. Como dizem que “Em Roma, sê romano” o almoço foram bocadillos, acompanhados com a irmã espanhola da Super Bock…a Estrella Galicia!
Depois de voltar a encher os bidons de água e lubrificar as correntes, voltámos ao caminho. Ao atravessar uma zona industrial:
Depois de uma curta passagem por terra, chegámos a esta bela localidade. É pena não sabermos o nome de todas as localidades por onde passamos mas a verdade é que, como vamos seguindo o Camino, muitas vezes atravessamos as estradas repetidas vezes e acabamos por não encontrar nada que indique onde estamos…
Depois de mais umas difíceis subidas, tanto em alcatrão como em terra batida:
E algum tempo depois, chegamos a Redondela. Por esta hora, estávamos a começar a pensar onde ficar esta noite. Aproveitámos os carimbos no Albergue para pedir informações sobre a distância para os próximos albergues.
Pouco depois tínhamos o de Pontevedra mas como ainda era cedo e faltavam poucos kms para lá chegar, começámos a fazer contas aos kms e às horas…o decidido foi o de voltar a ponderar quando chegássemos ao Albergue de PonteVedra. E lá arrancámos.
Ainda estávamos a pensar o que fazer e o Camino mostrou-nos mais uma difícil subida de alcatrão…foi feita devagar pois já estávamos a ficar cansados. Mal sabíamos o que estava no cimo…
por enquanto ainda estávamos a encher os depósitos numa pequena fonte:
O primeiro vislumbre do que nos esperava…isto é parte da magia do Camino…
Ao nos reagruparmos no início de uma excelente descida,
demos com um dos vários monumentos do Camino.
Estava autografado por peregrinos de várias nacionalidades.
“Corre! Corre! Está quase a tirar a foto!”
Tarde demais…o fotógrafo foi apanhado!
“Bora! Corre! Corre!”…Agora sim, já deu tempo!
O caminho até Ponte Sampaio foi feito rapidamente e sem problemas.
“Eh Touro lindo!”
De volta a pedalar para atravessar a localidade
O tempo começou a mudar e começámos a ver que o Vicente (que no início do dia tinha previsto que íamos apanhar chuva) estava certo. Tem futuro certo como Meteorologista.Ainda em Ponte Sampaio não foi fácil seguir o Camino, pois andámos perdidos. Depois de perguntar a uma senhora simpática e de voltar para trás até à última seta, começámos daí.
Pouco depois…adivinhem…Chuva!
Aqui mal deu para tirar fotografias mas para esta tinha de haver tempo…
Depois de bastante tempo a aceitar o que a Mãe Natureza nos estava a dar…a chuva…chegámos a Pontevedra.
Chegámos completamente encharcados e havia mais novidades…o Albergue estava cheio! A alternativa era ir para um pavilhão. Hora de reunião! “Como fazemos? Existe um Albergue a poucos kms mas não tem muitas condições, existe outro pouco antes de Caldas de Reis e o próximo já em Caldas. Este foi inaugurado recentemente, mas segundo a senhora da recepção aqui do Albergue, o caminho até lá não é muito fácil.”
Depois de reflectir e estudar o gráfico de altimetria, decidimos a arriscar chegar ao de Caldas de Reis…arrancámos…o frio foi nosso companheiro por algum tempo pois estivemos parados algum tempo em Pontevedra. Por esta altura, a dúvida estava nas nossas mentes…”Fizémos bem em arriscar ou o Camino vai ser mesmo complicado, como disse a senhora? Ainda por cima com esta chuva…”
Seguindo as indicações das setas, seguimos por campos, vinhas e atravessamos repetidamente a estrada nacional. Passado um tempo avistámos o Albergue que sabíamos existir antes de Caldas de Reis.
“Continuamos ou paramos aqui? Como estão todos?”
“Continuamos?”
A resposta foi um SIM! Agora já começamos a ver Caldas ao longe…
Quando parámos no posto de Polícia de Caldas para carimbar, disseram que provavelmente o Albergue estaria cheio pois a grande maioria dos peregrinos passa pelo outro albergue e só param neste… “Hmmm, será que fiemos bem?”
Ainda assim, o Guarda ficou bastante espantado quando dissemos que tínhamos saído de Ponte de Lima!
“Bem, agora já aqui chegámos, vamos ver o que sucede no Albergue.”
Ao chegar, a responsável disse que estava cheio mas que tínhamos mais duas hipóteses:
-pensão (seria perto de 15€/pessoa).
-apartamento (60€/noite)
A escolha foi clara pois sendo 6, ficava a 10€ por cada. Tínhamos a enorme vantagem de não estarmos limitados pela hora de fecho do Albergue. Que excelente decisão de arriscar a continuar a viagem após Pontevedra…”Quem não arrisca, não petisca” e é bem verdade…
Depois de banhos tomados e roupa mais sapatos postos a secar, fomos até a um bar com uma atmosfera excelente, mesmo na esquina!
Depois de jantar, pois o estômago já estava colado às costas, foi tempo de nos ambientarmos e apreciar o duelo Real Madrid-Barcelona. Depois do fim do jogo, era altura do merecido descanso.
O que será que nos vai acontecer amanhã?

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